Thursday, 30 June 2011

Florbela Espanca

Homenagem á grande poetisa Florbela Espanca





Amar!

"Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar!  Amar!  E não amar ninguém!

Recordar?  Esquecer?  Indiferente!...
Prender ou desprender?  É mal?  É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar..."


Eu

"Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino, amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!"


Sem Remédio


Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou…
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.

E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!

Sinto os passos da Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!…


Noite de Saudade
 
"A Noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda de amargura...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura...

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!

Por que és assim tão escura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó Noite, em ti existe
Uma Saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!... Ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!!"


Angústia

"Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!

E não se quer pensar!... e o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós...
Querer apagar no céu - ó sonho atroz! -
O brilho duma estrela com o vento!...

E não se apaga, não... nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga...
Vem sempre perguntando: "O que te resta?..."

Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta!"

Pensadores

A glória é tanto mais tardia quanto mais duradoura há de ser, porque todo fruto delicioso amadurece lentamente.
- Arthur Schopenhauer (Dantzig 1788- Frankfurt 1860) filósofo alemão

O progresso e o desenvolvimento nada representam se sufocam a liberdade, atropelam direitos e oprimem os homens.
- José Sarney (Pinheiro 1930) poeta, romancista e político maranhense, ex-presidente da República

É nosso dever proteger o maior patrimônio nacional, porque a
nação que destrói o seu solo destrói a si mesma.
- Theodore Roosevelt (Nova York 1858 – Oyster Bay 1919) político e ex-presidente americano

Ah! O que seria do governo se o povo pudesse falar pela boca do estômago!
- Max Nunes (Rio de Janeiro 1922) produtor de TV, contista e humorista fluminense

Onde falta a justiça, a sociedade está ameaçada por dentro.
- João Paulo II (Wadowice 1920 – Roma 2005) poeta cristão, bispo polonês, Papa da Igreja Católica

A consciência é o melhor livro que podemos consultar.
- Blaise Pascal (Clermont 1623 – Paris 1662) filósofo, matemático, físico, teólogo e ensaísta francês

Só compreendemos o amor de nossos pais quando nos tornamos pais.
- Henry Ward Beecher (Litchfield 1813 – Nova York 1887) ensaísta e editor americano

A maior parte da humanidade está cansada devida à excessiva pressão de luta pelo querer, para se permitir uma nova e severa contra o erro.
- Friedrich von Schiller (Marback 1759 – Weimar 1805) poeta e dramaturgo alemão

Pontualidade é a coincidência de duas pessoas chegarem com o mesmo atraso.
- Leon Eliachar (Cairo 1923 – Rio de Janeiro 1987) contista, cronista e humorista brasileiro nascido no Egito

É melhor fazer a coisa mais insignificante do mundo do que perder meia hora.
- Goethe (Frankfurt 1749 – Weimar 1832) poeta, dramaturgo, ensaísta e romancista alemão

O entusiasmo é uma aurora que não termina.
- Federico Garcia Lorca (Funtes Vaquero 1898 – Granada 1936) poeta e dramaturgo espanhol

Tenacidade

Se o que você está percorrendo é o caminho dos seus verdadeiros sonhos,
comprometa-se com ele.
Não deixe a porta de saída aberta, através da desculpa: "Ainda não é bem isto que eu queria".

Esta frase guarda dentro dela a semente da derrota.
Assuma o seu caminho.mesmo que precise dar passos incertos, mesmo que saiba que pode fazer melhor o que está fazendo.

Se você aceitar suas possibilidades no presente, vai melhorar no futuro, mas se negar suas limitações, jamais se verá livre delas.
Enfrente seu caminho com coragem, não tenha medo da crítica dos outros.

E, sobretudo, não se deixe paralisar por sua própria crítica.
Deus estará sempre com você nas noites insones, e enxugará com seu amor
as lágrimas ocultas.

Deus é o Deus dos valentes.



Volúpia


"Tenho-te, do meu sangue alongada nos veios,
à tua sensação me alheio a todo o ambiente;
os meus versos estão completamente cheios
do teu veneno forte, invencível e fluente.

Por te trazer em mim, adquiri-os, tomei-os,
o teu modo sutil, o teu gesto indolente.
Por te trazer em mim moldei-me aos teus coleios,
minha íntima, nervosa e rúbida serpente.

Teu veneno letal torna-me os olhos baços,
e a alma pura que trago e que te repudia,
inutilmente anseia esquivar-se aos teus laços.

Teu veneno letal torna-me o corpo langue,
numa circulação longa, lenta, macia,
a subir e a descer, no curso do meu sangue."



Gilka da Costa Melo Machado



Verdade indubitável

Meu caro, preciso lhe dar uma notícia que talvez você ainda não saiba. Pensei em suavizar esta notícia, pintá-la com cores mais brilhantes, enchê-la com promessas de Paraíso, visões do Absoluto, explicações esotéricas. Mas, embora tudo isto exista, não vem ao caso agora.
Respire fundo e prepare-se. Sou obrigado a ser direto e franco e – posso assegurar – tenho absoluta certeza do que estou dizendo. É uma previsão infalível, sem qualquer margem para dúvidas.
A notícia é a seguinte: você vai morrer.
Pode ser amanhã, pode ser daqui a 50 anos, mas, cedo ou tarde, você vai morrer. Mesmo que você não concorde. Mesmo que tenha outros planos.
Pense com todo cuidado no que você irá fazer hoje. E amanhã. E no resto dos seus dias.


Construir ou Plantar

"Cada pessoa, durante a sua existência, pode ter duas atitudes: Construir ou Plantar.
Os construtores podem demorar anos nas suas tarefas, mas um dia terminam aquilo que andaram a fazer. Então param, e ficam limitados pelas suas próprias paredes. A vida perde o sentido quando a construção acaba.
Mas existem os que plantam. Estes, às vezes, sofrem com as tempestades, as estações, e raramente descansam. Mas, ao contrário de um edifício, o jardim nunca pára de crescer. E, ao mesmo tempo que exige a atenção do jardineiro, também permite que, para ele, a vida seja uma grande aventura.



Os jardineiros reconhecer-se-ão entre si - porque sabem que na história de cada planta está o crescimento de toda a Terra."

Choro por um amor perdido

Olho o céu sem fim á espera de ver a mesma estrela que tu ves
Procuro os viajantes que chegam de toda a parte
Na esperança de encontrar alguém que tenha cheirado o teu perfume
Enfrento os ventos á espera que eles me tragam uma mensagem tua
Vagueio pelos caminhos na esperança de ouvir uma canção que fala de ti
E, olho os homens que encontro só para descobrir, nos olhos deles, um toque da tua beleza.

Tuesday, 28 June 2011

Teoria da Relatividade: O futuro determina o passado? Quanticamente, sim!


A passagem do tempo é uma ilusão. O futuro existe agora mesmo. E é tão imutável quanto o passado. É o que mostra a Teoria da Relatividade. Isso significa que o destino pode existir? 

"Imagine tudo o que está a acontecer agora, neste segundo. Você acaba de piscar o olho. Uma moeda afunda na água da Fontana di Trevi, em Roma. Mick Jagger escova os dentes. O Sol se põe num vale de Marte. Alguma forma de vida de uma galáxia muito, muito distante, acorda para ir trabalhar. Só dá um desconto: pode ignorar que você não tem como saber se tudo isso está a acontecer mesmo. Pense só nessas imagens como um retrato do Universo inteiro neste momento.

Agora vou pedir que um leitor de uma galáxia muito, muito distante faça o mesmo exercício. Na ideia de agora que ele faz do Cosmos você  vai estar a piscar o olho, a moeda e tudo o mais? Vai. 

Mas aí o leitor da outra galáxia fica com sede e se levanta para tomar um copo de arsênico. Agora que ele está na cozinha eu peço que ele faça outro retrato mental do Universo. Neste momento muda tudo. Na nova imagem dele, feita só 10 segundos depois, a Terra estará no ano de 2100. Isso acontece porque a forma como os indivíduos percebem a passagem do tempo muda conforme eles se movimentam. Foi o que Einstein descobriu: quando a sua velocidade aumenta, você corre em direção ao futuro mais rápido do que quem está parado. Se você vai de bicicleta até a padaria, chega lá mais no futuro do que se tivesse ido a pé. Uma fração de quatrilhonésimo de segundo no futuro, mas chega. Se a bicicleta andasse a 1,07 bilhão de quilômetros por hora (quase à velocidade da luz), você sairia de casa em Janeiro de 2011 e compraria seu pão no século 22. Sob as velocidades do dia a dia, o efeito temporal é minúsculo. Mas existe.

Só que a história muda quando entram distâncias muito grandes em jogo. A geometria da coisa é complexa demais para entrar neste texto. Mas, resumindo, é o seguinte: distâncias intergaláticas, de bilhões de anos-luz, amplificam o efeito da velocidade. Por isso que no exemplo do leitor de outra galáxia bastou uma caminhada até a cozinha a menos de 10 km/h para dar aquele salto de 100 anos.



Esse exemplo, criado pelo físico Brian Greene, da Universidade Columbia, entrou aqui para deixar claro um postulado da física: o de que todos os pontos de vista são válidos, mesmo o de um personagem hipotético, como o nosso. Se ele existisse, sua noção de agora, as coisas que o personagem imagina como reais no presente dele, poderiam incluir fatos que para nós ainda não foram resolvidos - como quem será o presidente da República em 2100. Naquilo que para ele é um passado remoto, estaria o dia e a causa exata da sua morte. E você não tem como mudar isso. Em outras palavras: o seu destino está decidido. Por isso Einstein disse que a diferença entre passado, presente e futuro é ilusória. Na prática, tudo o que ainda vai acontecer já aconteceu. 

Para ver isso melhor, pense no Universo como ele realmente é: um grande rolo de filme. Cada frame ali é um instante no tempo. No primeiro, está o início de tudo, o Big Bang. No último, o fim do Universo (seja lá como for esse momento). No meio há um frame com uma fração de segundo do dia da fundação de Roma, outro com o primeiro ensaio dos Beatles, outro com o melhor dia da sua vida, outro com a graduação do seu neto... A Teoria da Relatividade mostra que todos os momentos da existência "acontecem" ao mesmo tempo. Mas, se o futuro já está determinado, não dá para saber o que tem lá á frente? Aí os físicos são unânimes: nem a pau. "Para fazer isso, precisaríamos de uma espécie de supercomputador. Mas nada pode computar mais rápido que a própria natureza", diz o holandês Gerard t´ Hooft, Nobel de física de 1999. Ou seja: para desvendar a natureza, as fatias do futuro, só com uma máquina maior que a própria natureza - uma máquina sobrenatural...

Mas, para alguns (poucos) cientistas, esse artefato existe, sim. É você. Nosso cérebro seria capaz de sentir o futuro. Um desses pesquisadores é o psicólogo americano Daryl Bem, da Universidade Cornell, uma das mais respeitadas dos EUA.
Daryl pesquisa a influência do futuro sobre o nosso inconsciente. Ele usa experiências clássicas da psicologia, como por exemplo: primeiro coloca um grupo de voluntários com telas de computador na sua frente. Então ele vai mostrando fotos e os voluntários têm que dizer se a imagem é "positiva" ou "negativa" (tem um botão para cada resposta). Básico: se aparecer uma foto feia, de vermes sobre carne podre, por exemplo, você tem que apertar "negativo". Se surgir a de um bebê ou outra coisa bonitinha, aperta "positivo". Mas tem um extra aí. Essa experiência serve para testar o efeito de mensagens subliminares. Antes de aparecer a foto da carne podre, por exemplo, os pesquisadores fazem uma palavra negativa (tipo "nojo") piscar na tela por uma fracção de segundo. Não dá tempo de ler. Mas o "nojo" fica impresso no subconsciente dos voluntários. Aí, quando eles vêem a foto da carne podre, apertam o botão de "negativo" mais rápido. É uma reacção clara à mensagem subliminar. A diferença é que Daryl faz a mesma experiência ao contrário: coloca a mensagem depois da foto. A influência dela deveria ser zero nesse caso, óbvio. Mas não: alguns dos voluntários passam a apertar o botão com mais rapidez, como se tivessem visto a palavra antes da imagem. A conclusão de Daryl é que eles conseguem ver o futuro. Só tem um problema: os resultados são pouco convincentes. A mensagem subliminar do futuro "faz efeito" em coisa de 52, 53% das vezes - e o acaso já garantiria 50%. 

Seja como for, a verdade é que a ciência ainda não criou uma forma de conciliar livre-arbítrio com Einstein. Mas ok: ela já descobriu coisas tão supreendentes quanto em outros campos que envolvem essa história de destino. Principalmente nos mais fascinantes: os que explicam por que a sua vida é assim, dessa maneira. E a nossa reportagem sobre esse assunto é como o futuro: já está escrita! Logo ali." 

Brian Greene "O Tecido do Cosmos"

Depois de ver a estupidez humana



ESTE BLOG É PESSOAL, QUEM NAO GOSTE QUE VA CAGAR PEDRAS AO RIO, ou enviar-me dinheiro

Depois de algum tempo, as pessoas pensam que pensamentos pessoais são spam, sim que são, spam para as cabeças ocas!! 



Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.

Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus actos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são estupidezes, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.

Portanto... plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!"

Reverência ao Destino





"Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e reflectir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que
nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las. Ter a noção exacta de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha
intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata."

Carlos Drummond de Andrade
"NOSSAS DÚVIDAS SÃO TRAIDORAS, NOS FAZEM PERDER O BEM QUE PODERÍAMOS CONQUISTAR, PELO MEDO DE TENTAR" 


WILLIAM SHAKESPEARE

Palavras

Palavras para que, se elas são tão fáceis de dizer e tão susceptíveis a hipocrisia de quem as emprega?

reflexo da alma



"Os olhos continuaram a dizer coisas infinitas,
as palavras da boca é que nem tentam saír,
voltaram ao coração
caladas como vieram..."

Machado de Assis

Eis-me...





"Eis-me,
tendo-me despido de todos os meus mantos
tendo-me separado de adivinhos, mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face
Mas tu és de todos os ausentes
O ausente
Nem o teu ombro me apoia
Nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas
Do tempo em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio
Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para lá do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes
O ausente."

Sophia de Mello Breynner

O que é essencial é invisível aos olhos







Então a raposa apareceu.

"Bom dia", disse a raposa.

"Bom dia", o Pequeno Príncipe respondeu educadamente. "Quem é você? Você é tão bonita de se olhar."

"Eu sou uma raposa", disse a raposa.

"Venha brincar comigo", propôs o Pequeno Príncipe. "Eu estou tão triste".

"Eu não posso brincar com você", a raposa disse. "Eu não estou cativada".

"O que significada isso – cativar?"

"É uma coisa que as pessoas freqüentemente negligenciam", disse a raposa. "Significa estabelecer laços".

"Sim" disse a raposa. "Para mim você é apenas um menininho e eu não tenho necessidade de você. E você por sua vez, não tem nenhuma necessidade de mim. Para você eu não sou nada mais do que uma raposa, mas sem você me cativar então nós precisaremos um do outro".

A raposa olhou fixamente para o Pequeno Príncipe durante muito tempo e disse: "Por favor cativa-me."

"O que eu devo fazer para cativar você?" perguntou o Pequeno Príncipe.

Você deve ser muito paciente". Disse a raposa. "Primeiro você vai sentar a uma pequena distância de mim e não vai dizer nada. Palavras são as fontes de desentendimento. Mas você se sentará um pouco mais perto de mim todo dia."

Então o Pequeno Príncipe cativou a raposa e depois chegou a hora da partida dele – "Oh!" disse a raposa. "Eu vou chorar".

"A culpa é sua", disse o Pequeno Príncipe, "mas você mesma quis que eu a cativasse".

"Adeus", disse o Pequeno Príncipe.

"Adeus", disse a raposa. "E agora eu vou contar a você um segredo: nós só podemos ver perfeitamente com o coração; o que é essencial é invisível aos olhos. Os homens têm esquecido esta verdade. Mas você não deve esquecê-la. Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativa."

Saint-Exupéry, "O Principezinho"

A Ilusão da Consistência

"O homem não é permanentemente igual a si mesmo. A velha concepção dos carácteres rectilíneos e das mentalidades cristalizadas em sistemas imutáveis abriu falência. Tudo muda, no espaço e no tempo. Para um organismo vivo, existir - mesmo no ponto de vista somático - é transformar-se. Quando começamos cedo e envelhecemos na actividade das letras, não há um nós apenas um escritor; há, ou houve, escritores sucessivos, múltiplos e diversos, representando estados de evolução da mesma mentalidade incessantemente renovada. Ao chegar a altura da vida em que a estabilização se opera, olhamos para trás, e muitas das nossas próprias obras parecem-nos escritas por um estranho, tão longe se encontram já, não apenas dos nossos processos literários, mas do nosso espírito, das nossas tendências, da nossa orientação, dos nossos pontos de vista éticos e estéticos.

Nesse exame retrospectivo, por vezes doloroso, se de algumas coisas temos de louvar-nos - obras a que a nossa mocidade comunicou a chama viva do entusiasmo e da paixão -, de outras somos forçados a reconhecer a pobreza da concepção, os vícios da linguagem, as carências da técnica, e tantas vezes (poenitet me!) as audácias, as incoerências, as injustiças, as demasias, a licença de certas pinturas de costumes e o erro de certas atitudes morais. É preciso começar - bem o sei - na literatura como na vida. Il faut que jeunesse se passe. Mas, quando vejo alguns jovens das letras, deslumbrados de si próprios, passeando imponentemente os loiros dos seus primeiros livros e a sua inabalável certeza da imortalidade, penso na desilusão que os espera ao assomar dos primeiros cabelos brancos (a pior das desilusões, que é a que sentimos perante nós mesmos) e no aborrecimento que lhes causará um dia a reedição de alguns dos seus livros da juventude - se, porventura, tiverem praticado a imprudência de alienar a propriedade da sua obra."

Júlio Dantas, "Páginas de Memórias"

The happiest moment of my life


It was the happiest moment of my life, though I didn't know it. Had I known, had I cherished this gift, would everything turned out differently? Yes, if I had recognized this instant of perfect happiness, I would have held it fast and never let it slip away. It took a few seconds, perhaps, for that luminous state to enfold me, suffusing me with the deepest peace, but it seemed to last hours, even years.
~

As much as I wanted to dismiss the feeling as ordinary, I could not deny the startling truth that when looking at Füsun, I saw someone familiar, someone I felt I knew intimately. She resembled me. I felt I could easily put myself in her place, could understand her deeply.

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Having become - with the passage of time - the anthropologist of my own experience, I have no wish to disparage over those obsessive souls who bring back crockery, artifacts, and utensils from distant lands and put them on display for us, the better to understand the lives of others and our own. Nevertheless, I would caution against paying too much attention to the objects and relics of "first love", for these might distract the viewer from the depth of compassion and gratitude that now arose between us.
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It was during these days that I first began to feel fissures opening in my soul, wounds of the sort that plunge some men into a deep, dark, lifelong loneliness for which there is no cure. Already, every evening, before going to bed, I would take the raki from the refrigerator and gaze out the window as I drank a glass alone in silence. Our apartment was at the top of a tall building opposite Tesvikiye Mosque, and our bedroom windows looked out on many other families' bedrooms that resembled ours; since childhood I had found strange comfort in going to my dark bedroom to look into other people's apartments.
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Let me confess that my first impulse was to grin stupidly. But I didn't. Instead I frowned, assuming a tender expression of concern, until finally I had overcome the force of my own feelings. Here, at one of the deepest, most profound moments of my life, there was something contrived in my demeanour.
"I love you very much, too".
Though I was being utterly sincere, my words were neither as forceful nor as truthful as hers. She'd said it first.
~
In fact no one recognizes the happiest moment of their lives as they are living it. It may be that, in a moment of joy, one might sincerely believe that they are living that golden moment "now", even having lived such a moment before, but whatever they say, in one part of their hearts they still believe in the certainty of a happier moment to come. Because how could anyone, and particularly anyone who is still young, carry on with the belief that everything could only get worse: If a person is happy enough to think he has reached the happiest moment of his life, he will be hopeful enough to believe his future will be just as beautiful, or more so.
But when we reach the point when our lives take on their final shape, as in a novel,we can identify our happiest moment, selecting it in retrospective, as I am doing now. To explain why we have chosen this moment over all others, it is also natural, and necessary, to retell our stories from the beginning, just as in a novel. But to designate this as my happiest moment is to acknowledge that it is far in the past, that it will never return, and that awareness, therefore, of that very moment is painful. We can bear the pain only by possessing something that belongs to that instant. These mementos preserve the colors, textures, images, and delights as they were more faithfully, in fact, than can those who accompanied us through those moments.


ORHAN PAMUK "THE MUSEUM OF INNOCENCE"