Saturday, 2 July 2011

A ESPERANÇA

A esperança vagueava nas ruas da ansiedade ofegante por um passado remoto num beco de incerta saída. Passeava cativada, indiferente ao presente e ao futuro, por uma lembrança que parecia tão latente como o momento.

Abriu os olhos e deparou-se com o receio que batia sistematicamente como um cuco numa árvore, incessantemente com intenção de perfurar e derrubar, ignorou.
Sentiu os pés nus no solo frio e tocou nas emoções que a petrificavam assustadas com receio do próximo passo.

Sentiu o cheiro, aquele perfume que há anos não sentia e concluiu o que já sabia, que o sentido de cheiro é dos mais acutes que pode ter e relembrou aquelas noites em que a ansiedade tinha um amanhã e a coragem não era mais do que uma banalidade, uma garantia de existência.

As certezas olhavam do outro lado da rua julgando cada passo que a esperança dava escondendo o rosto para não serem vistas, tímidas, latejantes da força incapazes de alcançar, sorriam com as lembranças que tocavam a incerteza.

Naquele momento o silencio sussurrou em surdina “Ouve o coração e vencerás, todas as pedras servem de construção, continua pela noite escura que compreenderás, aprenderás o verdadeiro, e o perene se instalará”

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